quarta-feira, 31 de julho de 2013

LITERATURA


Meninos e meninas, li o livro abaixo e ADOREIIIIIIIIIIII! Procurei outros do mesmo autor e encontrei uma grande relação. Pesquisei sobre o Pedro Bandeira para saber sobre o autor da obra, faço sempre isto por ser fundamento não apenas saborear o que foi escrito, mas também saber sobre quem escreveu e fez os desenhos. Deliciem!


PEDRO BANDEIRA




A hora do desconto

Fábulas recontadas em versos e

comentadas por Pedro Bandeira

ILUSTRAÇÕES: AVELINO GUEDES, ELISABETH TEIXEIRA,

OPENTHEDOOR, ROGÉRIO BORGES

Editora MODERNA

 
UM POUCO SOBRE O AUTOR

Nascido em Santos, São Paulo, em 1942, Pedro Bandeira mudou-se para a cidade de São Paulo em 1961. Ele trabalhou em teatro profissional como ator, diretor e cenógrafo. Foi redator, editor e ator de comerciais de televisão. A partir de 1983, tornou-se exclusivamente escritor. Sua obra, direcionada a crianças e jovens, reúne contos, poemas e narrativas de diversos gêneros.

Entre elas, estão: É proibido miar; Malasaventuras –– safadezas do Malasarte; O fantástico mistério de Feiurinha; Cavalgando o arco-íris; O mistério da fábrica de livros; Mais respeito, eu sou criança!; Por enquanto eu sou pequeno;Pântano de sangue; Anjo da mort; A Droga do amor; Agora estou sozinha...; A Droga da Obediência; Droga de americana! e A marca de uma lágrima. Recebeu vários prêmios, como o Jabuti, APCA, Adolfo Aizen e Altamente Recomendável, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

 COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

 As fábulas já eram contadas no século XVIII a.C., mas é Esopo (século VI a.C.) o primeiro nome a ser lembrado quando se rememora a história do gênero. No século XVII, La Fontaine reescreve, em versos, muitas das fábulas atribuídas a Esopo, o que facilitou a memorização das histórias, tornando-as ainda mais populares.

 A palavra fábula vem do verbo latino fabulare, que significa conversar, narrar, falar. Na fábula, o locutor se serve da narrativa como instrumento de demonstração, porque o episódio narrado está a serviço de intenções como censurar, recomendar, aconselhar.

 Ao ler esse novo trabalho de Pedro Bandeira, lembrei-me de uma amiga, leitora voraz, mas que tinha especial antipatia pelas fábulas. Achava-as cruéis, na forma como pretendiam educar crianças e adultos. Penso que o tom, por vezes severo dessas admoestações, se suaviza com a pulsação rítmica dos versos de Pedro Bandeira. A própria moral se relativiza. Ao “dar um desconto”, Bandeira não apenas reproduz a máxima tradicional, mas também a problematiza com a apresentação de outros pontos de vista. São fábulas em tom de conversa brejeira, são fábulas à cordel. Se Zeus é grego, o Esopo de Bandeira acabou ficando bem brasileiro.

 
LEIA MAIS DO MESMO AUTOR

Cavalgando o arco-íris –– São Paulo, Moderna

Mais respeito, eu sou criança! –– São Paulo, Moderna

Malasaventuras –– safadezas do Malasarte –– São Paulo, Moderna

Pequeno pode tudo –– São Paulo, Moderna

A roupa nova do rei –– São Paulo, Moderna

A formiga e a pomba –– São Paulo, Moderna

2. SOBRE O MESMO GÊNERO

Fábulas de La Fontaine (vol. 1 e 2) –– São Paulo, Landy

Fábulas de La Fontaine (Tradução de Ferreira Gullar) – Rio

de Janeiro, Revan

Esopo –– Fábulas completas (Tradução direta do grego por

Neide Smolka) –– São Paulo, Moderna

Fábulas –– Monteiro Lobato, São Paulo, Brasiliense

Fábulas de Esopo –– Russell Ash e Bernard Higton (Tradução

de Heloísa Jahn) –– São Paulo, Companhia das Letrinhas

"FÁBULA "O VELHO, O MENINO E O BURRO"


Conta tradição antiga
Que um velho camponês
Precisando de dinheiro
Em certa altura do mês
Manda o filho caçula
Buscar o burro ou a mula
Para vender dessa vez.

O menino vem ligeiro
Trazendo o belo burrinho,
Seguiram os três pra cidade
Logo de manhã cedinho
Ninguém montou no animal
Pra ele não dar sinal
De cansaço do caminho.

Porém numa curva
Da estrada
Viram um viajante
Que falou: - “Que “besteira”!
O animal vai vazio
E o pobre velho senil
Vai a pé na caminhada”

- “Vejam, só, que grande asneira
É promessa ou penitência?”
E o velho lhe deu razão
E foi no burro montando
E o menino puxando
Na mais pura inocência.

E foi dizendo o velhote
- “Só assim ninguém reclama
E tapo a boca do mundo!”
Logo à frente as lavadeiras
Lavando nas corredeiras
Gritaram: - “Mas que burrama!”

- “Um marmanjão com saúde
Muito contente montado
E um pobre menininho
Puxando o burro! Ah, malvado!...
Este mundo está perdido
Desça daí seu bandido
Que o menino está cansado!”

Depois dessa, o pobre velho
Indignado acenou
E na garupa do burro
O seu menino montou
E disse ali sem demora:
- “Quero ver quem fala agora!?”
E o seu caminho continuou

Mas não deu nem dez minutos
Desponta ali na frente
Montado na bicicleta
Um roceiro e diz: - “Oxente!
O pobre desse animal
Não vai chegar ao final
Com esse peso em dia quente!”

Disse isso e foi-se embora
E o velho concordando
Desce, deixando o menino
E sai na frente puxando
Mas encontra outro sujeito
Que ao menino curva o peito:
- “Majestade!” O vai saudando.

Logo pergunta o menino:
- “Por que falas: majestade?”
- “Porque somente os príncipes
Tem servo na tua idade
Puxando as montarias
Não fosses rei não terias
Lacaio à tua vontade!”

- “Lacaio, eu?” – Diz o velho
- “Mas que grande desaforo!”
Desça ligeiro menino
Pra não ouvir este coro
Vamos com o burro nas costas
Pra ver se o mundo assim gosta
E não faça mais agouro

E os dois com o burro nas costas
Qual estranho ritual
Encontram alguns rapazes
Que fazem tal carnaval
Gritando: - “Vejam três burros
Só falta soltarem burros
Quem é o mais burro afinal?”

E o velho grita: - “Sou eu!
Burro de orelha também
Querendo escutar o mundo
Sendo aconselhado além
Quem segue o mundo maluco
Vai morrer doido e caduco
Sem nunca agradar ninguém!”

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